Metade de um ano já se foi. O que você tem feito por você? Coo tem lidado com as demandas do dia a dia, com o cansaço e com uma possível exaustão?
O tema da exaustão facilmente surge quando falamos das demandas e responsabilidades da maternidade. O termo inclusive já se popularizou e 10 entre 10 mães relatam cansaço, stress e exaustão como algo que faz parte da maternidade, quando, na realidade, não deveria ser assim.
As demandas diárias da maternidade são sim cansativas, o que é muito diferente de estar em um estado de exaustão e não conseguir vivenciar os momentos bons com seus filhos, enxergar apenas o lado ruim de tudo a todo momento e sentir que a maternidade é um peso. A exaustão coloca a mulher em um estado de alerta constante e impede o relaxamento na simplicidade do dia a dia.
Sendo assim, é importante saber o que é esperado e o nível de estresse aceitável na sua maternidade e o que já é crônico e precisa de cuidado e intervenção adequada.
Uma forma simples de começar a diferenciar o cansaço da exaustão é perceber como você acorda e como é o seu sono. Em geral, quando estamos cansadas, basta dormir, relaxar, desconectar do trabalho e das demandas diárias que isso já nos recarrega. No caso da exaustão é diferente. Percebemos corpo e mente sobrecarregados, de modo que os momentos de descanso não resolvem. Na exaustão há insônia, ou um sono perturbado e não relaxante. Há dificuldade em se entregar para o relaxamento, você sente um cansaço extremo no final do dia, e muitas vezes já quando acorda.
Mesmo cansada é possível tomar pequenas decisões, conseguir estabelecer uma rotina minimamente organizada e estruturada, há flexibilidade diante de imprevistos como o filho doente que não pode ir para a escola e com isso você tem que cancelar seus compromissos. Na exaustão há extrema dificuldade para tomar decisões do dia a dia, dificuldade em lidar com as situações e ter consciência emocional, pensar com calma e com clareza. Diante disso, é mais comum haver explosões de raiva; decisões impulsivas (cansei! chega!); vontade de chorar sem motivo aparente.
A exaustão na maternidade também pode ser caracterizada pela vontade em fazer as coisas, mas acabar por não fazer por não ter energia como retomar a atividade fisica, por exemplo ou fazer uma caminhada.
Tudo isso vai se sobrepondo e em algum momento chega a sensação de incapacidade e surgem recorrentemente falas e pensamentos como "não dou conta", "não sou uma boa mãe", quando na verdade essa mãe está exausta e precisa de ajuda para ajustar sua rotina, ajustar seu dia a dia, para que então possamos cuidar do seu emocional.
No entanto, sabemos que a maternidade demanda muitos novos cuidados e responsabilidade, o que também prejudica um diagnóstico e manejo da exaustão precocemente, porque a mulher às vezes até percebe que tem algo diferente acontecendo com ela e que é ponto de atenção, mas ela ouve do entorno: é assim mesmo, vai passar. E então, mais uma vez, duvida de si mesma e não dá ouvidos a sua própria sensação. E assim vai vivendo, construindo relações muitas vezes desgastantes com os filhos, parceiro e familiares, e, mais grave ainda, podendo vir a desenvolver um quadro de Burnout ou Depressão.
O que fazer entao diante desse cenário?
Idealmente é preciso mudar o dia a dia. Rotina, ritmo, estilo de vida. No entanto, se você está em exaustão, muito provavelmente já não tem forças para sozinha começar a promover qualquer mudança (lembra que um dos sintomas é ter vontade de fazer, mas não ter energia pra fazer?! pois então…)
Nesse ponto é que o apoio psicológico em um processo terapêutico vai te auxiliar com o diagnóstico e com ajustes necessários no dia a dia para a promoção de bem-estar.
Mas aqui vão alguns passos fundamentais:
Faça uma análise profunda de como você vem vivendo atualmente.
Há tempo para você ou a maior parte dele é gasta em compromissos e demandas em função de prioridades alheias? Chefe, marido, filhos, família? Quanto tempo na sua agenda semanal é destinado a você mesma, incluindo terapia, atividade física, sonhos e projetos?
Você cuida de todos menos de você?
Tente incluir 10 minutos por dia na sua agenda com você mesma. Um café, um café, a leitura de algumas páginas de um livro. Ao longo das semanas vá aumentando esse tempo.
Ou então tente incluir uma atividade por você na sua semana: pode ser uma hora de terapia, massagem, caminhada, yoga, pilates. Vale qualquer coisa que seja por você e que promova reconexão com você mesma (não vale ficar uma hora no celular ou assistindo série).
Perceba a si mesma:
Você acorda cansada todos os dias mesmo depois de ter dormido? Tem insônia?
Tem falta de apetite ou come demais? Em que momentos isso acontece? O que aconteceu no dia de diferente?
Você anda reclamando demais? De tudo e de todos? Se você anda enxergando mais o copo meio vazio do que meio cheio, está na hora de buscar ajuda".
Você se sente motivada na vida? O que hoje traz sentido, significado e realização?
Você tem clareza da vida que você quer viver daqui um ano? Três anos? Cinco anos? Há alinhamento entre a vida que você vive hoje e a vida que gostaria de viver?
Rituais significativos:
Acredito muito no poder dos pequenos rituais para trazer um novo ritmo para o nosso dia a dia. Um ritmo mais desacelerado, mais presente e conectado.
Muitas pessoas gostam de acordar enquanto a casa ainda está em silêncio, preparar seu café, fazer alguma prática relacionada à sua fé, ou meditar, ou fazer exercícios de respiração ou movimentos de Yoga.
Nesse item não há certo ou errado. O intuito é entender o que você precisa e nutrir a alma.
Acorde, alongue-se, respire fundo. Olhe pela janela, observe o céu, o sol.
Se conseguir medite, ou se conecte com a sua fé e espiritualidade.
De maneira nenhuma pegue o celular: É preciso se fortalecer primeiro, antes de entrar em contato com as demandas externas e, muitas vezes, ser sugada por elas.
Atividade física:
A que for possível de fazer e encaixar na sua rotina.
Comece devagar para desenvolver o hábito. Trinta minutos por dia é razoável ou duas a tres vezes por semana já está ótimo.
Não imponha a si mesma metas muito arrojadas. Agora não é hora de pensar no resultado, mas sim de aliviar a carga física e mental da exaustão.
Qualidade de sono:
Sono não se refere apenas à quantidade de horas dormidas, mas à qualidade dele. A receita principal é: alimente-se até duas a três horas antes de dormir, preferencialmente com comida mais leve e de fácil digestão. Desconecte-se de todas as telas pelo menos duas horas antes de dormir. Não tome bebida alcoólica. Conforme anoitecer, propicie um ambiente acolhedor e de relaxamento na sua casa, com luzes mais baixas e menos ruído. Aproveite para se acolher também. Coloque um pijama confortável, meias, tome um chá.
Alimentação & Suplementação:
Com a vida corrida, dificilmente ingerimos todas as vitaminas e minerais que precisamos, o que prejudica, inclusive, a regulação do corpo e a produção dos hormônios necessários ao relaxamento.
Além disso, a mulher que é mãe já está naturalmente com um corpo estressado e exausto fisiologicamente por conta da gestação (e das tentativas de engravidar), do parto e do puerpério. Portanto, sim, a mulher-mãe está mais estressada, cansada e exausta simplesmente porque seu corpo está se readaptando.
Precisamos fornecer combustível para o corpo poder funcionar. Uma alimentação altamente proteica juntamente com a suplementação adequada já são capazes de melhorar e muito os sintomas físicos , e também emocionais, da exautão, já que um corpo com energia gera mais disposição, ânimo e consequentemente mais motivaçào.
Chega de carregar o mundo nas costas!!
É fundamental aprender a pedir ajuda e a delegar.
A mulher de hoje cresceu achando que é bom ser a mulher maravilha e dar conta de tudo. Para quê? Para quem? Temos que assumir que não somos tão auto suficientes quanto imaginamos ou gostaríamos e que para viver a vida que gostaríamos de viver, precisaremos de ajuda, sim!
A busca pela perfeição, alto desempenho na maternidade e em outros papéis, a busca pela independência e autossuficiência tem levado as mulheres à exaustão e ao adoecimento.
De agora até o final do ano, quais pesos mentais e físicos você pode diminuir na sua vida?
Katherine Sorroche
Psicóloga especialista em Puerpério, Saúde Mental da Mulher e Parentalidade
- Formada em 2004 pela Faculdade de Psicologia da Universidade Mackenzie com especializações em Saúde Mental Feminina, Psicologia Perinatal, Psicologia do Puerpério e Parentalidade.
- Master Coach - SLAC - 2020.