Puerpério: como lidar com "baby blues" e depressão pós-parto?

14 janeiro, 2025

maternidade é geralmente romantizada, sem que muitas vezes as pessoas se deem conta de que essa tarefa exige bastante da mulher. As cobranças muitas vezes são tantas que a maioria delas acaba passando pelo baby blues e a depressão pós-parto.

Para entender esse quadro, a psicóloga Katherine Sorroche explica o que são essas duas fases e o que pode ser feito para ajudar as mães.

O início do relacionamento

Muitas mulheres enfrentam o baby blues após o nascimento de seus filhos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O baby blues é caracterizado por uma instabilidade emocional que pode acontecer entre o segundo e quinto dia após o parto, e se estende até 30 dias. 

"É uma situação que envolve essa tristeza súbita, uma irritabilidade, um cansaço, uma vontade de chorar sem motivo", ilustra a especialista, acrescentando que essa situação pode ser considerada até normal, desde que não ultrapasse os 30 dias. Após esse período, a atenção deve ser aumentada.

Os motivos que levam ao baby blues têm raízes diversas e amplas no contexto da gravidez, avalia a especialista. Ela ressalta inclusive que há casos em que a mulher já chega exausta no pós-parto

"Ela já passou pelo estresse fisiológico da gestação, pela jornada de parto, sem contar a fase anterior à gestação. Esse período por si só já é muito desgastante física e psicologicamente, então essa mulher já chega ao pós-parto exausta", enumera Katherine. 

Será que é depressão pós-parto?

Até aqui, os efeitos da contemporaneidade e o próprio desafio natural de se tornar mãe - ou de ser mãe de novo - apontam para uma situação que pode ser encarada como normal dentro do quadro de baby blues. Mas, como detectar as fronteiras de uma depressão pós-parto?

"Hoje em dia, a gente já fala até em depressão perinatal, porque ela pode começar já na gestação. Então, é um desajuste bioquímico que começa pequenininho e, se a gente não interfere, vai se prolongando e tomando proporção", alerta a psicóloga.

A imagem que se tem de uma mulher nessa situação, muitas vezes, é de alguém triste, na cama, sem conseguir se conectar com o bebê. E, sim, de fato isso acontece, segundo Katherine. Mas não se resume a isso. 

"Isso começou em algum lugar, então quanto antes a gente intervir, melhor", recomenda ela, indicando a importância de avaliar os índices de vitaminas, hormônios e fazer toda a suplementação necessária no pós-parto.

Observar para ajudar

Os medos vividos em todo o processo também servem de sinal de alerta. Apesar de inerentes a um processo tão profundo da natureza feminina, o excesso de medo deve ser observado. 

A medida cabível aqui é garantir a possibilidade de falar sobre esses medos. "Quanto mais a gente fala sobre eles, mais é possível elaborá-los e entender o que eles querem dizer", orienta Katherine.


https://www.megacurioso.com.br/saude-bem-estar/puerperio-como-lidar-com-baby-blues-e-depressao-posparto


 

O impacto do estado emocional e psicológico da mãe na amamentação

15 agosto, 2024

Quando falamos de amamentação (e também de desmame) sob a perspectiva da Psicologia entramos numa área muito delicada para muitas mulheres. 


Atualmente há muito preparo em torno da amamentação. A amamentação pode ser considerada um fenômeno natural e instintivo na mulher que acabou de parir seu bebê, mas a vida moderna, acelerada, cheia de afazeres, vem tirando cada vez mais a mulher desse lugar de conexão com seus instintos. 


A maioria das mulheres, ao chegar nesse momento pós parto com seu bebê no colo, já leu livros, falou com médicos, fez consultoria de amamentação, ouviu experiências de outras mulheres, acompanhou relatos nas redes sociais, já criou diversos cenários possíveis em sua mente do que pode dar certo ou errado na amamentação e, assim, ela se sente preparada. Ela cuidou de tudo em relação à chegada desse novo bebê, no entanto ela não se preparou emocionalmente tanto para a amamentação quanto para o puerpério psicológico, que é o período que pode durar até dois anos após o nascimento do bebê e que representa a fase de maior fragilidade emocional da mãe. Esse preparo é o que propicia atingir camadas mais profundas da mulher, como fortalecer o seu protagonismo na sua maternidade, possibilitá-la desenvolver clareza dos seus desejos pessoais de querer ou não amamentar, colocá-la em contato com sua própria história de amamentação e desmame com sua mãe quando ela era um bebe porque tudo isso conta, e conta muito, para a fluidez da amamentação. 


Amamentar é o primeiro grande desafio da maternidade com o qual a mãe se depara e envolve um estado psíquico e emocional de entrega. Entrega essa que pode ser difícil a depender de razões conscientes ou inconscientes. É após o nascimento, através do contato pele a pele com a mãe, e posteriormente através da amamentação, que a conexão mãe-bebê começa a acontecer. É nessa fase que a ligação mãe-bebê precisa se consolidar, já que o bebê depende disso também para sobreviver. 


Quando se alimenta da mãe, o bebê está se nutrindo não só fisicamente, mas principalmente, emocionalmente. O colo da mãe, o cheiro, os batimentos cardíacos, tudo isso traz para o bebê a segurança que ele precisa para lidar com a nova vida aqui fora após o trauma do nascimento (sim, todo nascimento é um trauma para o bebê).


Para que essa entrega aconteça, primeiramente , a mulher precisa estar confortável com isso, o que significa estar disponível física e emocionalmente para esse momento, desligando-se de todas as outras demandas externas e decisões que tem que ser tomadas.


A maternidade chega para a mulher moderna em meio a um dia-a-dia agitado com agenda lotada, em meio a uma trajetória de carreira em ascensão ou em meio ao medo de perder o emprego, em meio a um contexto de filhos mais velhos que também demandam atenção, dentre tantos outros possíveis contextos, o que tira o foco e a presença da mulher com esse novo bebê e pode vir a dificultar o estabelecimento da amamentação e toda a vivência do puerpério emocional. O primeiro grande conflito da maternidade muitas vezes surge nesse momento: como dar conta? 


A maternidade traz consigo uma pausa na vida de antes e a necessidade de entrega, o que é muito desafiador para a grande maioria das mulheres já que há uma dificuldade em se ver e vivenciar esse lugar mais calmo, sem tantas tarefas a serem cumpridas por ela. E nesse contexto a amamentação pode ser muito mais desafiadora, assim como todo o puerpério, porque esse lugar calmo, que ela nunca ocupou, traz inquietude e, muitas vezes, um estado ansioso ou o sentimento de solidão.


É necessário compreender que o ato de amamentar vai muito além do físico, ou seja, vai além de oferecer o seio e esperar que o bebê se movimente em resposta ao reflexo de sucção.






A mãe precisa estar confortável, precisa que seu parceiro (se ele está por perto) cuide de todo o entorno dessa mãe, desde oferecer a água e demais confortos para que mãe e bebê possam se conhecer e construir essa relação, até pensar em todas as outras demandas corriqueiras da casa, dos filhos mais velhos, da rede de apoio e cuidar para que essa mae não seja de fato incomodada com nada , por exemplo, que não receba visitas se não quiser, porque o ambientes também influencia no desenvolvimento da amamentação, principalmente em um período tão delicado, em que a mulher encontra-se regredida psiquicamente, revivendo e revisitando inconscientemente suas próprias histórias de quando era um bebê. 



Se a mulher está biologicamente, naturalmente, pronta para amamentar e se, está tudo bem com o bebê (pega correta, freio lingual, etc) e ainda assim o processo está difícil, então é bem provável que hajam significados emocionais individuais a serem observados, compreendidos e cuidados. Calma, confiança e entrega favorecem um bom aleitamento, já o medo, depressão, ansiedade tendem a trazer dificuldades e demandar "sacrifícios". 


Por outro lado há diversos casos em que não há um motivo aparente que esteja atrapalhando a descida do leite, a pega, ou a entrega da mãe. É aí então que a Psicologia do Puerpério atua, ajudando a mãe a compreender o seu momento pela perspectiva emocional. Além de razões inconscientes, há também razões bem visíveis no dia a dia como um parceiro que está com dificuldades em ver a sua mulher como mãe, ou que constantemente critica a maternidade de sua parceira. 


A amamentação é um recurso potente até para casos de depressão pós parto, mas não quando esse momento gera mais tensão, ansiedade, tristeza e sobrecarga emocional para a mãe além da dor física que muitas sentem ao amamentar. 



É importante salientar que, mesmo essa mãe tenha tido uma primeira história de amamentação bem sucedida, pode vir a ter histórias e desafios diferentes com os filhos posteriores. 


Portanto, para que a amamentação flua, devem ser considerados não somente os aspectos físicos da mãe e do bebê, a historia de gestação e parto que vivenciaram juntos, bem como o entorno da mulher (ambiente e rede de apoio), e principalmente a disponibilidade interna e emocional da mãe e os aspectos conscientes e inconscientes para amamentar ou não, principalmente quando temos casos de muita dor na amamentação, mastites, fissuras. 

Juntamos a isso a particularidade de cada mãe, compreendendo o nível se segurança, autocobrança, rigidez e perfeccionismo diante da maternidade. 


Lembre-se, você está aprendendo a ser mãe, a ler o bebê. Tenha calma e paciência consigo mesma.

Ainda que a amamentação não flua para vocês conforme você desejava, ainda assim há a construção do amor e do vínculo através de outros momentos. Não se cobre tanto e busque apoio profissional sempre !


Katherine Sorroche, Psicóloga da Mulher-Mãe 

Especialista em Puerpério, Saúde Mental da Mulher, Parentalidade e Primeira Infância. 






 

Como eu te ajudo à equilibrar maternidade com a sua vida e carreira:

14 agosto, 2024


 

Chegamos ao meio do ano! Dicas para chegar ao final com emocionalmente saudável!

1 julho, 2024

Metade de um ano já se foi. O que você tem feito por você? Coo tem lidado com as demandas do dia a dia, com o cansaço e com uma possível exaustão?


O tema da exaustão facilmente surge quando falamos das demandas e responsabilidades da maternidade. O termo inclusive já se popularizou e 10 entre 10 mães relatam cansaço, stress e exaustão como algo que faz parte da maternidade, quando, na realidade, não deveria ser assim.


As demandas diárias da maternidade são sim cansativas, o que é muito diferente de estar em um estado de exaustão e não conseguir vivenciar os momentos bons com seus filhos, enxergar apenas o lado ruim de tudo a todo momento e sentir que a maternidade é um peso. A exaustão coloca a mulher em um estado de alerta constante e impede o relaxamento na simplicidade do dia a dia. 


Sendo assim, é importante saber o que é esperado e o nível de estresse aceitável na sua maternidade e o que já é crônico e precisa de cuidado e intervenção adequada. 


Uma forma simples de começar a diferenciar o cansaço da exaustão é perceber como você acorda e como é o seu sono. Em geral, quando estamos cansadas, basta dormir, relaxar, desconectar do trabalho e das demandas diárias que isso já nos recarrega. No caso da exaustão é diferente. Percebemos corpo e mente sobrecarregados, de modo que os momentos de descanso não resolvem. Na exaustão há insônia, ou um sono perturbado e não relaxante. Há dificuldade em se entregar para o relaxamento, você sente um cansaço extremo no final do dia, e muitas vezes já quando acorda. 


Mesmo cansada é possível tomar pequenas decisões, conseguir estabelecer uma rotina minimamente organizada e estruturada, há flexibilidade diante de imprevistos como o filho doente que não pode ir para a escola e com isso você tem que cancelar seus compromissos. Na exaustão há extrema dificuldade para tomar decisões do dia a dia, dificuldade em lidar com as situações e ter consciência emocional, pensar com calma e com clareza. Diante disso, é mais comum haver explosões de raiva; decisões impulsivas (cansei! chega!); vontade de chorar sem motivo aparente. 


A exaustão na maternidade também pode ser caracterizada pela vontade em fazer as coisas, mas acabar por não fazer por não ter energia como retomar a atividade fisica, por exemplo ou fazer uma caminhada.


Tudo isso vai se sobrepondo e em algum momento chega a sensação de incapacidade e surgem recorrentemente falas e pensamentos como "não dou conta", "não sou uma boa mãe", quando na verdade essa mãe está exausta e precisa de ajuda para ajustar sua rotina, ajustar seu dia a dia, para que então possamos cuidar do seu emocional. 


No entanto, sabemos que a maternidade demanda muitos novos cuidados e responsabilidade, o que também prejudica um diagnóstico e manejo da exaustão precocemente, porque a mulher às vezes até percebe que tem algo diferente acontecendo com ela e que é ponto de atenção, mas ela ouve do entorno: é assim mesmo, vai passar. E então, mais uma vez, duvida de si mesma e não dá ouvidos a sua própria sensação. E assim vai vivendo, construindo relações muitas vezes desgastantes com os filhos, parceiro e familiares, e, mais grave ainda, podendo vir a desenvolver um quadro de Burnout ou Depressão. 


O que fazer entao diante desse cenário? 

Idealmente é preciso mudar o dia a dia. Rotina, ritmo, estilo de vida. No entanto, se você está em exaustão, muito provavelmente já não tem forças para sozinha começar a promover qualquer mudança (lembra que um dos sintomas é ter vontade de fazer, mas não ter energia pra fazer?! pois então…)


Nesse ponto é que o apoio psicológico em um processo terapêutico vai te auxiliar com o diagnóstico e com ajustes necessários no dia a dia para a promoção de bem-estar. 


Mas aqui vão alguns passos fundamentais: 


  1. Faça uma análise profunda de como você vem vivendo atualmente. 


Há tempo para você ou a maior parte dele é gasta em compromissos e demandas em função de prioridades alheias? Chefe, marido, filhos, família? Quanto tempo na sua agenda semanal é destinado a você mesma, incluindo terapia, atividade física, sonhos e projetos?


Você cuida de todos menos de você? 


Tente incluir 10 minutos por dia na sua agenda com você mesma. Um café, um café, a leitura de algumas páginas de um livro. Ao longo das semanas vá aumentando esse tempo. 

Ou então tente incluir uma atividade por você na sua semana: pode ser uma hora de terapia, massagem, caminhada, yoga, pilates. Vale qualquer coisa que seja por você e que promova reconexão com você mesma (não vale ficar uma hora no celular ou assistindo série). 


  1. Perceba a si mesma: 


Você acorda cansada todos os dias mesmo depois de ter dormido? Tem insônia? 

Tem falta de apetite ou come demais? Em que momentos isso acontece? O que aconteceu no dia de diferente? 

Você anda reclamando demais? De tudo e de todos? Se você anda enxergando mais o copo meio vazio do que meio cheio, está na hora de buscar ajuda".

Você se sente motivada na vida? O que hoje traz sentido, significado e realização? 

Você tem clareza da vida que você quer viver daqui um ano? Três anos? Cinco anos? Há alinhamento entre a vida que você vive hoje e a vida que gostaria de viver? 



  1. Rituais significativos: 


Acredito muito no poder dos pequenos rituais para trazer um novo ritmo para o nosso dia a dia. Um ritmo mais desacelerado, mais presente e conectado. 


Muitas pessoas gostam de acordar enquanto a casa ainda está em silêncio, preparar seu café, fazer alguma prática relacionada à sua fé, ou meditar, ou fazer exercícios de respiração ou movimentos de Yoga. 


Nesse item não há certo ou errado. O intuito é entender o que você precisa e nutrir a alma. 


Acorde, alongue-se, respire fundo. Olhe pela janela, observe o céu, o sol. 

Se conseguir medite, ou se conecte com a sua fé e espiritualidade. 


De maneira nenhuma pegue o celular: É preciso se fortalecer primeiro, antes de entrar em contato com as demandas externas e, muitas vezes, ser sugada por elas. 

  1. Atividade física: 

A que for possível de fazer e encaixar na sua rotina. 


Comece devagar para desenvolver o hábito. Trinta minutos por dia é razoável ou duas a tres vezes por semana já está ótimo. 


Não imponha a si mesma metas muito arrojadas. Agora não é hora de pensar no resultado, mas sim de aliviar a carga física e mental da exaustão. 


  1. Qualidade de sono: 

Sono não se refere apenas à quantidade de horas dormidas, mas à qualidade dele. A receita principal é: alimente-se até duas a três horas antes de dormir, preferencialmente com comida mais leve e de fácil digestão. Desconecte-se de todas as telas pelo menos duas horas antes de dormir. Não tome bebida alcoólica. Conforme anoitecer, propicie um ambiente acolhedor e de relaxamento na sua casa, com luzes mais baixas e menos ruído. Aproveite para se acolher também. Coloque um pijama confortável, meias, tome um chá. 


  1. Alimentação & Suplementação: 


Com a vida corrida, dificilmente ingerimos todas as vitaminas e minerais que precisamos, o que prejudica, inclusive, a regulação do corpo e a produção dos hormônios necessários ao relaxamento. 

Além disso, a mulher que é mãe já está naturalmente com um corpo estressado e exausto fisiologicamente por conta da gestação (e das tentativas de engravidar), do parto e do puerpério. Portanto, sim, a mulher-mãe está mais estressada, cansada e exausta simplesmente porque seu corpo está se readaptando. 


Precisamos fornecer combustível para o corpo poder funcionar. Uma alimentação altamente proteica juntamente com a suplementação adequada já são capazes de melhorar e muito os sintomas físicos , e também emocionais, da exautão, já que um corpo com energia gera mais disposição, ânimo e consequentemente mais motivaçào. 


  1. Chega de carregar o mundo nas costas!!

É  fundamental aprender a pedir ajuda e a delegar. 

A mulher de hoje cresceu achando que é bom ser a mulher maravilha e dar conta de tudo. Para quê? Para quem? Temos que assumir que não somos tão auto suficientes quanto imaginamos ou gostaríamos e que para viver a vida que gostaríamos de viver, precisaremos de ajuda, sim!

A busca pela perfeição, alto desempenho na maternidade e em outros papéis, a busca pela independência e autossuficiência tem levado as mulheres à exaustão e ao adoecimento.


De agora até o final do ano, quais pesos mentais e físicos você pode diminuir na sua vida? 



Katherine Sorroche


Psicóloga especialista em Puerpério, Saúde Mental da Mulher e Parentalidade

- Formada em 2004 pela Faculdade de Psicologia da Universidade Mackenzie com especializações em Saúde Mental Feminina, Psicologia Perinatal, Psicologia do Puerpério e Parentalidade.

- Master Coach - SLAC - 2020.


 

O puerpério vai muito além de apenas 45 dias

25 junho, 2024

Entenda o que é o puerpério emocional e a diferença com o período de resguardo. 


Se você é mãe ou está gestante muito provavelmente já tenha ouvido essa palavra: PUERPÉRIO. 

E se você conversar com outras mães muito provavelmente elas dirão que é o período mais intenso da vida delas, que você nunca mais vai dormir de novo, que você não tem mais vida, que bebês choram demais e que a hora da bruxa é a pior hora do dia, entre outras coisas que só te fazem concluir que esse é pior período da vida com filhos. 


Mas calma, não é bem assim. 


Os primeiros dias com um bebe são realmente intensos. É tudo novo para ambos - mãe e bebê - em um período em que o corpo da mulher também está tendo que se adaptar muito rapidamente aos desafios da amamentação. Os hormônios estão a todo vapor, em função de fazer esse corpo entender que o bebê já nasceu e precisa do cuidado da mãe. Esse é o puerpério fisiológico, ou mais informalmente conhecido como período de resguardo, que dura em torno de 45 dias e é caracterizado pelos desafios de um corpo que está fisiologicamente estressado, com déficit de nutrientes após uma gestação e um parto, se adaptando à nova vida. 


Mas não é só fisiologicamente que há necessidade de um resguardo. 

Emocionalmente, a mulher ainda está se encontrando nessa nova dinâmica familiar. Os desafios da amamentação, a privação de sono, o choro do bebê, a nova rotina que se estabelece, a falta de ajuda, ou o excesso de palpites, tudo isso traz uma demanda psicológica de adaptação. 


Esse é o puerpério emocional, ou seja, o período de adaptação emocional e psicológica à maternidade, que pode durar até dois anos de idade da criança, podendo se estender até dois ou três anos após o parto, caso essa mulher não tenha suporte profissional adequado para compreender e elaborar todas essas mudanças e , de fato, se adaptar à maternidade. 


Tornar-se mãe é um processo que mobiliza emoções muito profundas, principalmente a depender do contexto social, financeiro, conjugal e estrutural que essa mulher está inserida. Tudo muda: a dinâmica da casa, a relação do casal, muitas vezes a renda, a vida social, as amizades, sua visão de mundo, seus valores e prioridades, entre outros. 


É nesse período também que podem surgir a Depressão Perinatal, Transtornos de Ansiedade, Transtornos de Humor, ou outros transtornos conforme as dificuldades enfrentadas por essa nova mãe. 



Sinais de puerpério emocional:


No início, até seis meses após o parto, mãe e bebê estão se vinculando e se conhecendo. Então é natural que surjam muitas preocupações relacionadas ao bebê, angústia em ficar sozinha com o bebê ou muito tempo longe dele. Nessa fase também pode haver uma necessidade maior de recolhimento e retraimento social. 

Chorar sem motivo, tristeza súbita, introversão, maior irritabilidade e cansaço também são sintomas esperados nos primeiros 30 dias. Se ultrapassarem este período e forem muito intensos e frequentes, busque ajuda. 


A partir dos seis meses a vida já começa a ficar um pouco mais estável em relação aos cuidados com o bebê. É quando então a mulher começa a se voltar mais para si mesma. em geral ela começa a buscar mais espaços internos para seu autocuidado físico e emocional - volta a trabalhar, muda o estilo de se vestir, retoma a vida social, retoma a vida conjugal, busca tempo para si. Nesse período também surgem conflitos internos a respeito de sua identidade, sua missão e propósito de vida, questionamentos sobre o futuro, como: que mãe eu quero ser no futuro? que família eu quero ter? que mundo eu quero ajudar a construir para os meus filhos? o que eu quero para minha vida e para a vida dele? quem sou eu agora? 


O movimento contrário a esse também pode surgir, e é bastante comum, o que leva à angústia, ansiedade, ao peso da maternidade, ao medo, à dificuldade em se reconhecer e retomar a própria vida. Esse é um sinal claro que essa mulher precisa de ajuda para se ver além da mãe que ela está se tornando. 


A adaptação à maternidade vai muito além de um corpo que precisa voltar ao lugar. A todo momento, desde a concepção, descoberta da gestação, gravidez, parto, amamentação, pós parto, estão sendo mobilizadas questões da história de vida dessa mãe, sua infância, seus traumas, a relação com os próprios pais. Tudo isso passa a ser refletido após o nascimento dos filhos e permeia a relação que esta sendo construída com eles. 


Por ser um período de maior vulnerabilidade emocional na vida da mulher, cada vez mais tem sido atribuída a devida importância à saúde mental materna. 


Ter assistência psicológica durante a gestação, parto e puerpério é efetivo tanto para o diagnóstico, manejo e tratamento de transtornos perinatais como por exemplo a depressão gestacional, depressão pós parto, transtorno de ansiedade, como também é um grande aliado na prevenção destes e outros transtornos. E, ainda que não haja a presença de um transtorno efetivamente, adquirir conhecimento e desenvolver seu autoconhecimento, certamente te ajudarão no seu processo interno e emocional de adaptação à maternidade.


A Psicoterapia e a Sessão de Acolhimento são meios de autocuidado físico e emocional que você merece na sua maternidade. Não se deixe para amanhã.



Katherine Sorroche 

Psicologa 

CRP 06/76400


 

Enxoval Emocional e Saúde Mental Materna durante a gestação, parto e puerpério

13 maio, 2024

Gestação, parto e puerpério: tão importante quanto cuidar do bebê no pré-natal é cuidar também da saúde mental da mãe.


Sabemos que o nascimento de um filho traz mudanças na rotina e na vida da mulher como um todo, mas e internamente? O que de fato muda? Que mudanças são essas? Qual o real impacto da gravidez, parto e puerpério na vida da mulher?

 

 

Assim que se descobre grávida a mulher já começa a passar pelas transformações que chegam com a maternidade, não somente as mudanças físicas, mas principalmente as mudanças emocionais. Conforme a gestação se desenvolve chegam também os medos, preocupações, ansiedade. Por ser tudo muito novo e por ser certo que a vida da mulher vai mudar, é um período muito propenso ao surgimento ou agravamento de quadros de ansiedade, depressão, distúrbios alimentares, transtorno obsessivo compulsivo, entre outros.

 

O período perinatal, que compreende desde a gestação até o puerpério, é o período de maior vulnerabilidade emocional na vida da mulher e que nem sempre representa felicidade, satisfação ou realização. No entanto, essa ainda é uma expectativa da sociedade, o que contribui para que não se de a devida importância à saúde mental materna e aos sentimentos e emoções que fazem parte desse momento.

 

Diante disso, é cada vez maior a preocupação e ações voltadas à promoção de saúde mental materna. A fim de ampliar o cuidado com a saúde integral da mulher, foi sancionada a Lei nº 14.721/2023, que prevê a ampliação da assistência psicológica às mulheres no período que vai desde a gravidez, passando pelo parto, até o puerpério fisiológico, ou seja, entre 40 e 60 dias após parto.

A lei obriga hospitais e estabelecimentos de saúde de gestantes, públicos ou privados, a desenvolverem atividades de conscientização sobre a saúde mental das mulheres grávidas e puérperas. A lei, publicada em 09 de novembro de 2023, passa a valer em 180 dias.

 

Tornar-se mãe é um período que traz também uma intensa fragilidade emocional, que se agravam diante de dificuldades enfrentadas por essas mulheres, em especial para mulheres expostas a violência doméstica, complicações na gestação e parto, gravidez na adolescência e dificuldades socioeconômicas. Sendo assim, ter assegurado o direito à assistência psicológica é promover visibilidade à tais dificuldades como também oferecer apoio profissional e psicoeducação sobre as mudanças que chegam com a gestação e puerpério, diagnosticando e conduzindo o cuidado necessário para promoção do bem-estar mental e integral da mulher.

 

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os sintomas de depressão impactam 26,3% das mulheres brasileiras no período de 6 a 18 meses após o parto. Ainda de acordo com o estudo conduzido pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), destacam-se entre os fatores associados à depressão ter história prévia da síndrome, gravidez não planejada, baixa condição socioeconômica, uso abusivo de bebida alcoólica e tabagismo, entre outros.

 

Para se beneficiar da assistência psicológica promovida pelo SUS, gestantes, parturientes e puérperas deverão passar por avaliação com profissional de saúde durante o pré natal para que então possam ser encaminhadas ao psicólogo perinatal.

 

Ter assistência psicológica durante a gestação, parto e puerpério é efetivo tanto para o diagnóstico, manejo e tratamento de transtornos perinatais como por exemplo a depressão gestacional, depressão pós parto, transtorno de ansiedade, como também é um grande aliado na prevenção destes e outros transtornos. E, ainda que não haja a presença de um transtorno efetivamente, receber educação e informação acerca do Puerpério fisiológico e Puerpério Emocional, da mudança de vida após a chegada do bebê e ter informação a respeito das necessidades fisiológicas, psicológicas e afetivas do bebê certamente contribuem e muito para que essa mulher atravesse o puerpério de forma mais segura e confiante.


A assistência psicológica também é um grande aliado quando há gestação de risco, contribuindo para a compreensão maior da dinâmica que se estabelece, bem como para alívio da sobrecarga emocional.

 

 

Katherine Sorroche é Psicóloga Especialista em Perinatalidade, Puerpério Psicológico e Saúde Mental da Mulher

 

 

O que é puerpério emocional

7 março, 2024


 

O puerpério vai muito além de apenas 45 dias - entenda o que é puerpério emocional e psicológico

1 março, 2024

Se você é mãe ou está gestante muito provavelmente já tenha ouvido essa palavra: PUERPÉRIO. 

E se você conversar com outras mães muito provavelmente elas dirão que é o período mais intenso da vida delas, que você nunca mais vai dormir de novo, que você não tem mais vida, que bebês choram demais e que a hora da bruxa é a pior hora do dia, entre outras coisas que só te fazem concluir que esse é pior período da vida com filhos. 


Mas calma, não é bem assim. 


Os primeiros dias com um bebê são realmente intensos. É tudo novo para ambos - mãe e bebê - em um período em que o corpo da mulher também está tendo que se adaptar muito rapidamente aos desafios da amamentação. Os hormônios estão a todo vapor, em função de fazer esse corpo entender que o bebê já nasceu e precisa do cuidado da mãe. Esse é o puerpério fisiológico, ou mais informalmente conhecido como período de resguardo, que dura em torno de 45 dias e é caracterizado pelos desafios de um corpo que está fisiologicamente estressado, com déficit de nutrientes após uma gestação e um parto, se adaptando à nova vida. 


Mas não é só fisiologicamente que há necessidade de um resguardo. 


Emocionalmente, essa mulher ainda está se encontrando nessa nova dinâmica familiar. Os desafios da amamentação, a privação de sono, o choro do bebê, a nova rotina que se estabelece, a falta de ajuda, ou o excesso de palpites, tudo isso traz uma demanda psicológica de adaptação. 


Esse é o puerpério emocional, ou seja, o período de adaptação emocional e psicológica à maternidade, que pode durar até dois anos de idade da criança, podendo se estender até três anos, caso essa mulher não tenha suporte profissional adequado para compreender e elaborar todas essas mudanças e , de fato, adaptar-se à maternidade. 


Tornar-se mãe é um processo que mobiliza emoções muito profundas, principalmente a depender do contexto social, financeiro, conjugal e estrutural que essa mulher está inserida. Tudo muda: a dinâmica da casa, a relação do casal, a vida social, financeira, entre outros. 


É nesse período também que podem surgir a Depressão Perinatal, Transtornos de Ansiedade, Transtornos de Humor, ou outros transtornos conforme as dificuldades enfrentadas por essa nova mãe. 



Sinais de puerpério emocional:


No início, até seis meses após o parto, mãe e bebê estão se vinculando e se conhecendo. Então é natural que surjam muitas preocupacões relacionadas ao bebê, angústia em ficar sozinha com o bebê ou muito tempo longe dele. Nessa fase também pode haver uma necessidade maior de recolhimento e retraimento social. 

Chorar sem motivo, tristeza súbita, introversão, maior irritabilidade e cansaço também são sintomas esperados nos primeiros 30 dias. Se ultrapassarem este período e forem muito intensos e frequentes, busque ajuda. 


A partir dos seis meses a vida já começa a ficar um pouco mais estável em relacão aos cuidados com o bebê. É quando então a mulher começa a se voltar mais para si mesma. Em geral ela começa a buscar mais espaços internos para seu autocuidado físico e emocional - volta a trabalhar, muda o estilo de se vestir, retoma a vida social, retoma a vida conjugal, busca tempo para si. Nesse período também surgem conflitos internos a respeito de sua identidade, sua missão e propósito de vida, questionamentos sobre o futuro, como: que mãe eu quero ser no futuro? que família eu quero ter? que mundo eu quero ajudar a construir para os meus filhos? o que eu quero para minha vida e para a vida dele? quem sou eu agora? 


O movimento contrário a esse também pode surgir, e é bastante comum, o que leva à angústia, ansiedade, ao peso da maternidade, ao medo, à dificuldade em se reconhecer e retomar a própria vida. Esse é um sinal claro que essa mulher precisa de ajuda para se ver além da mãe que ela está se tornando. 


A adaptacão à maternidade vai muito além de um corpo que precisa voltar ao lugar. A todo momento, desde a concepção, descoberta da gestação, gravidez, parto, amamentação, pós parto, estão sendo mobilizadas questões da historia de vida dessa mãe, sua infância, seus traumas, a relação com os próprios pais. Tudo isso passa a ser refletido após o nascimento dos filhos e permeia a relação que está sendo construída com eles. 


Por ser um período de maior vulnerabilidade emocional na vida da mulher, cada vez mais tem sido atribuída a devida importância à saúde mental materna. 


Ter assistência psicológica durante a gestação, parto e puerpério é efetivo tanto para o diagnóstico, manejo e tratamento de transtornos perinatais como por exemplo a depressão gestacional, depressão pós parto, transtorno de ansiedade, além de ser um grande aliado na prevenção destes e outros transtornos. E, ainda que não haja a presença de um transtorno efetivamente, receber educação e informação acerca do Puerpério fisiológico e Puerpério Emocional, da mudança de vida após a chegada do bebê e ter informação a respeito das necessidades fisiológicas, psicológicas e afetivas do bebê certamente contribuem e muito para que essa mulher atravesse o puerpério de forma mais segura e confiante.


Katherine Sorroche 

Psicologa 

CRP 06/76400


 

Transtornos Perinatais - Programa Terra Você

1 março, 2024

Papo sobre saúde mental materna, transtornos perinatais e outros quadros presentes no puerpério emocional e psicológico. 


Link:

https://www.youtube.com/watch?v=Zy2YiLbnbHc&t=5s

 

Podcast: Super mulheres positivas

1 março, 2024

Participação no Podcast Super Mulheres Positivas da Jovem Pan, falando no quadro saúde sobre depressão pós parto, puerpério psicológico, Burnout e outros quadros possíveis e esperados dessa fase tão desafiadora da vida da mulher. 


https://www.youtube.com/watch?v=e8mVFjZ4NDA&t=5s

 

Puerpério: o que a mãe precisa no pós-parto?

29 fevereiro, 2024

Para Katherine Sorroche, psicóloga do puerpério, buscar informação sobre o puerpério antes do nascimento do bebê também contribui para que ela passe pelo período da melhor forma possível. "Compreender as mudanças físicas e emocionais que acontecem com ela, bem como as necessidades físicas e emocionais do bebê, certamente contribuirão para que a travessia do puerpério seja mais leve", diz.

https://revistacrescer.globo.com/gravidez/puerperio/noticia/2023/10/puerperio-o-que-a-mae-precisa-no-pos-parto.ghtml


Fase intensa

A psicóloga Katherine ressalta que o puerpério é o período em que mãe e o bebê estão se conhecendo e construindo uma nova relação, imersos ainda em idealizações e expectativas que podem resultar também em frustrações difíceis de lidar. "São muitas mudanças, adaptações, emoções e pensamentos desconhecidos. Por isso, também é importante um apoio profissional. Ter um espaço de escuta imparcial para poder falar sobre suas dúvidas, desafios, aflições e estranhamentos é fundamental para manutenção da saúde mental e do bem-estar emocional após o parto. A maternidade demanda não só um ajuste de rotina para a vida com filhos como também traz um desgaste emocional intenso, principalmente nos primeiros meses até pelo menos dois anos após o parto", conclui.

 
 

5 dicas para preservar a saúde mental na gestação e puerpério

29 fevereiro, 2024

Psicóloga aponta sintomas e elenca dicas para praticar antes mesmo do bebê chegar

https://revistaanamaria.com.br/noticias/bebes/5-dicas-para-preservar-saude-mental-na-gestacao-e-puerperio.phtml





 

9 dicas para aliviar o estresse e a exaustão mental de fim de ano

29 fevereiro, 2024

https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/2094000/9-dicas-para-aliviar-o-estresse-e-a-exaustao-mental-nesse-final-de-ano